FOLCLORE POLÍTICO

terça-feira, 17 de março de 2009


Morreu a mulher de Augusto de Lima Junior. Alkmim não foi ao enterro, não telefonou, não foi à missa de sétimo dia, não deu sinal de vida. E eram amigos íntimos de longa data. Liminha ficou indignado, nunca mais procurou Alkimim.
Uma tarde, encontram-se em Belo Horizonte, rua da Bahia, na livraria Itatiaia:
- Como vai, meu caríssimo Lima?
- Vou bem. Até logo.
- Espere. Por que a pressa? Noto que você está triste. O que é que significa essa gravata preta? Morreu alguém próximo?
- Morreu, sim, Alkmim. Morreu minha mulher.
- Não me diga. Eu não soube. Meus pêsames.
- Ela deixou essa vida com nojo dos homens, cada dia mais canalhas. Cada dia mais canalhas, Alkimim. Até logo.
- É isso mesmo, Lima. A vida não está mais para gente como nós. A vida hoje é só mesmo para os canalhas. Gente como nós já não tem por que viver.
E abraçou Liminha de lágrimas nos olhos.
Sebastião Nery

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