CANINDÉ QUEIROZ, O INIMITÁVEL

sábado, 14 de março de 2009

Crispiniano Neto

Canindé Queiroz está afastado da lide diária do jornalismo. Como a cidade inteira sabe, seu problema é de saúde. Vários colegas e pseudocolegas tentam recriar os tempos áureos do estilo arrasa-quarteirão que Canindé implantou na imprensa mossoroense, o que lhe rendeu muito prestigio e força, apesar de algumas intrigas e antipatias que pouco lhe incomodavam, visto que, nesta terra da hipocrisia, suas maiores vitimas quase voltavam à sua sala, de rastro. Presentes ou representadas. O que está faltando a essa gente é o entendimento que os tempos são outros e os Canindés também são outros. Todas as estripulias que Canindé fez eram respaldadas em uma estratégia e uma tática, medidas, como ele próprio dizia, à régua e compasso. Para repetir Canindé, precisaria fazer a máquina do tempo voltar pelo menos vinte anos, além disso, precisaria que o novo “Canindé”, tivesse a coragem de Canindé, o talento de Canindé, o prestigio de Canindé e a capacidade de se auto queimar antes que outros o queimassem. Outra coisa difícil de imitar em Canindé é que, apesar de temerário, ele nunca perdeu a noção do perigo. Na hora de um recuo tático, ele sabia passar por cima do grande emocional que era. E, apesar de todas as práticas criticáveis que possa ter exercido Canindé não tinha por onde ser agarrado na munheca. Ele tinha ainda dois aspectos que o tornam inimitável. É que, apesar de ter sido inoportuno muitas vezes, na maioria dos casos era um defensor intransigente de Mossoró, colocando, na maioria absoluta das vezes, os interesses da cidade acima dos seus. O outro é que, mesmo tendo ficado conhecido pelas muitas maldades que fez com pessoas e famílias, tinha um lado extremamente humano e não media esforços para ajudar a muita gente. Ainda teve um lado estóico, meio despojado que fazia com que Canindé, mesmo sendo vaidoso e doido por dinheiro para seu whisky e seu cigarro, não temer jamais o liseu, a falência, o Serasa, o Cadin e outros valores importantes para gente que ele tratava a coice. Além disso, reitor e presidente de uma instituição universitária deficitária, onde se ensinava por sacerdócio e vice-prefeito que nunca teve o direito de esquentar a cadeira, Canindé não tinha do que ser denunciado, investigado e condenado. Portanto, querer clonar Canindé é uma tarefa muito acima da capacidade de uma reca de abestados que tenta desesperadamente herdar-lhe o cetro em vida. Falta a essas pessoas entender que a história só se repete como farsa ou tragédia. E que, quando forçarmos a barra da historia para que ela se repita, ai vira farsa e tragédia ao mesmo tempo.

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