O QUE É INFLAÇÃO?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Carlos Escóssia
Com toda certeza a inflação ainda é um dos assuntos que mais amedronta a sociedade brasileira. Fala-se de inflação entre os homens do governo, nas ruas, nas feiras, nos bares e botequins, nas universidades, em toda parte. Uma minoria privilegiada conhece o significado exato do fenômeno; muitos têm idéia aproximada de suas causas e seus efeitos, enquanto a maioria nada sabe ao seu respeito, embora a sinta na própria carne.
Muitos economistas costumam de forma equivocada dar nomes especiais à inflação conforme sua natureza, origem ou intensidade, mais estatisticamente, a inflação não comporta mais que uma definição: “é o aumento continuado no nível geral dos preços”. Continuado, porque quando se verifica aumento brusco nos preços, porém de curta duração, não prolongada, voltando rapidamente aos níveis anteriores, não temos um caso típico de inflação. Assim também, observa-se em alguns períodos que certos preços baixam, enquanto outros sobem. A alta em alguns setores, compensada pela baixa em outros, não caracteriza uma situação propriamente inflacionária, eis que a inflação se mede pelo crescimento da média dos preços, não importando que, simultaneamente, os preços de uns poucos produtos baixem ao invés de subirem.
A inflação é um fenômeno universal, que se agravou á medida que os mercados competitivos deixaram de funcionar e passaram a ser substituídos por mercados monopolistas, oligopolistas e cartelizados não só a nível nacional, mas também internacional. As causas reais da inflação podem ser: acidentais ou aleatórias, tais como uma enchente, uma seca ou uma crise política; acumulativas, que seria provocada pela desvalorização cambial e a correção monetária, que resulta de uma inflação já existente, mas a realimenta; estruturais que é o domínio imperialista sobre a economia do país.
Embora seja fácil distinguir para efeitos didáticos os tipos de inflação (inflação de custo e inflação de demanda), o difícil é separar na prática, os dois tipos, uma vez que eles costumam vir intimamente associados. A inflação de custo decorre da capacidade que tem as empresas monopolista e oligopolistas de aumentarem suas margens de lucros, transferindo integralmente seus aumentos de custos para os preços. Já a inflação de demanda é ocasionada pelo crescimento do poder de compra no sistema econômico, sem a correspondente contrapartida de um aumento da produção. Neste caso, os preços são puxados para cima pelo excesso de procura.
Tal distinção conceitual entre inflação de custo e demanda, nos permite identificar as principais e mais comuns fontes de pressão inflacionárias, tais como: aumentos salariais, expansão dos créditos, desequilíbrios orçamentários, pontos estrangulamentos e outras causas aleatórias, entre as quais podemos citar: os efeitos climáticos, que resultam queda na oferta de produtos agrícolas e as variações de preços nos mercados internacionais, que produz o que certos economistas costumam chamar de inflação importada.
Finalizando, não poderíamos deixar de enfatizar que os aumentos salariais só são inflacionários (fonte de inflação), quando dados acima do rendimento marginal do trabalho. No caso específico do Brasil, não há razão nenhuma para se atribuir aos reajustes de salários, qualquer papel autônomo ou mesmo realimentador da inflação. Os reajustes salariais só constituem fatores autônomos da inflação, quando dados acima do aumento do custo de vida e da produtividade do trabalho.
Como “gato escaldado tem medo de água fria”, é bom a sociedade brasileira ir se precavendo para uma possível volta dessa doença endêmica, muito bem conhecida, que é a inflação. Doença essa que começa oprimindo os pobres em proveito dos ricos, e acaba oprimindo pobres e ricos, em proveito exclusivo dos muitos ricos, pois com já dizia Nicolas Kondor, “Uma pequena inflação é como uma gravidez é só esperar”.
GLOSSÁRIO
Monopólio -
Forma de organização de mercado nas economias capitalistas, em que uma empresa domina a oferta de determinado bem ou serviço que não tem substituto. Também pode ser definido, com o tipo de mercado onde existe a exclusividade ou privilégio de venda.
Oligopólio - Tipo de estrutura de mercado em que poucas empresas detêm o controle da maior parcela do mercado.
Custo de Vida - É o aumento nos preços dos bens de primeira necessidade, tais, com: alimentação, moradia, serviços. Etc.
Cartel - Organização de comercialização em conjunto criada por empresas do mesmo ramo de atividades, que fixam o preço de venda e as quotas de produção, com o objetivo de não concorrerem entre si.
Demanda - Na teoria microeconômica, a demanda ou procura, é a quantidade de um bem ou serviço que um consumidor deseja e está disposto a adquirir por um determinado preço e em determinado momento.
Pontos de Estrangulamentos - Setores em que a produção só pode ser aumentada a longo prazo, por meio da ampliação da capacidade de produção.
Causa Aleatória - Que independem da vontade do homem.
Rendimento Marginal - Segundo as teorias da Escola Marginalista, o rendimento marginal seria o excedente produzido.

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