O PETRÓLEO EM MOSSORÓ

sábado, 7 de fevereiro de 2009


Carlos Escóssia
A extração do petróleo, em qualquer parte do mundo, é sinônimo de lucros e riqueza próspera. Quando instalam-se as sondas, sejam em terra ou no mar, o clima reveste-se de euforia pela expectativa econômico-financeira que o evento provoca. Parece que das profundezas do solo, junto ao óleo negro e betuminoso que posteriormente gerará cifras astronômicas e incalculáveis, jorram também a ganância e o poder. E enquanto secam os poços, superlotam os cofres de quem fez opção por vasculhar a terra e explorar o povo.
Quando Mossoró apresentou os primeiros indícios de possuir petróleo (1922), acreditava-se que a cidade era um tesouro adormecido e prestes a ser descoberto. Sem dúvida o foi, mas quanto ainda estamos pagando por esse investimento! Não foi preciso debruçar-se em livros para perceber que Mossoró mudou, com a exploração do petróleo em suas terras. Tampouco se fez necessário ser profundo conhecedor do assunto, para detectar que a mudança tem se apresentado como aspectos inúmeros e negativos, hoje visíveis no cotidiano da sua população.
O que se tenciona é alertar para os problemas que o petróleo vem ocasionando para Mossoró, obscurecidos que estão. Mas é contra o tempo que estamos lutando. A cada dia, a cidade vem apresentando mudanças preocupantes nas mais diversas áreas (especificamente, a social, com a proliferação da violência, marginalidade, desemprego e prostituição), sem que o assunto seja sequer discutido por aqueles que podem contribuir para a melhoria ou revertimento dessa situação. Os chamados “centros de produção do saber” que a cidade dispõe: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, Universidade Federal Rural do Semi Árido – UFERSA, Universidade Potiguar – UNP e a Mather Cristhi, parecem desconhecer a gravidade da questão e fingem não perceber a fundamental participação que deveriam ter nesse contexto.
Se não bastasse a omissão das Instituições de Ensino Superior da cidade, calam-se também os representantes do poder público municipal, deixando a população à margem e esquecendo que a perpetuação dos miseráveis que o petróleo fez existir, é também e principalmente responsabilidade deles. O futuro que ronda nossa porta parece tão negro quanto o óleo que brota do nosso chão. É preciso devolver a Mossoró, a riqueza que lhe foi arrancada das entranhas, com a maleabilidade brutal que o poder sabe utilizar. As marcas do progresso nunca foram tão sinistras e evidentes: exploram o nosso petróleo com o mesmo furor com que exploram o nosso povo, armazenam dólares na mesma proporção em que armazenamos dificuldades e problemas de toda espécie. O que parecia sonho tornou-se uma realidade caótica e insustentável. Precisamos, pois, reaprender a sonhar. Vamos à luta, pois se o petróleo é lucro, nossa força é vida, é conquista, é liberdade. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” – Geraldo Vandré.

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