O QUE FOI A GRANDE DEPRESSÃO?

sábado, 4 de abril de 2009

Carlos Escóssia

Período de maior crise na economia mundial, entre os anos de 1929 e 1933. No dia 24 de outubro de 1929 (data conhecida como quinta feira negra), num clima de euforia, produz-se a derrocada da Bolsa de Wall-Street e estala a crise no âmbito do sistema financeiro, que a história registra como sendo o primeiro dia de pânico na Bolsa de Nova Iorque.

Era um momento de intensa especulação na bolsa, e a economia norte-americana estava em plena prosperidade e em 10 dias as cotações baixam 30% e num mês sofre uma perda de 32 bilhões de dólares e de repente, 70 milhões de títulos foram jogados no mercado sem encontrar uma contrapartida da demanda. A desconfiança com os acontecimentos da bolsa espalhou-se para outros ramos, de atividades econômicas, atingindo a produção. A queda da renda nacional levou a uma retratação da demanda, ao aumento dos estoques, vertiginosa queda dos preços, desemprego e falências.

A crise atingiu, em primeiro lugar e mais profundamente, a economia norte americana, espalhando-se em seguida para Europa e os países da África, Ásia e América Latina. Nos Estados Unidos, entre 1929 e 1933, havia cerca de 15 milhões de desempregados, 5 mil bancos paralisaram suas atividades, 35 mil empresas faliram, as produções industriais e agrícolas reduziram-se à metade. Quando a crise atingiu proporções internacionais o número de desempregados visíveis chegou a 31 milhões (EUA, 15 milhões; Alemanha, 6 milhões; Inglaterra, 2,6 milhões; Itália, 1 milhão etc.), e o comércio mundial ficou reduzido a um terço.

No Brasil, o principal efeito da crise manifestou-se na queda vertical no preço do café, levando o governo a comprar grande parte das safras e o distribuir 80 milhões de sacas do produto, para diminuir os estoques e sustentar os preços. Essa destruição de bens – algodão nos Estados Unidos, trigo no Canadá, café no Brasil, vinhas na França – ocorreu em outras economias capitalistas. A elevação das tarifas alfandegárias por muitos países reduziu o nível do comércio internacional, agravando a crise. Entre 1929 e 1933, acusa-se uma baixa de 60% no comércio exterior e um quinto da frota mundial encontra-se estacionada nas portas.

A depressão trouxe também conseqüências na estrutura da sociedade, particularmente nas relações do estado com o processo produtivo. Em todas as grandes economias capitalistas, coube ao estado instituir mecanismos para controlar a crise e reativar a produção. Ocorria o abandono dos princípios do liberalismo econômico, que entregava aos próprios mercados a função de saneamento dos desequilíbrios que por ventura surgissem nas atividades econômicas.

Em 1933, quando Franklin Roosevelt assumiu o governo dos Estados Unidos, é que se aplicou de forma contundente a intervenção do estado na economia, para superação da crise, por meio do New Deal (nova política), que seguiu na prática, os ensinamentos que a reflexão teórica de Keynes produziria: baseou-se na intervenção do estado no processo produtivo, por meio de um audacioso plano de obras públicas com o objetivo de atingir o pleno emprego, o que contradizia toda a tradição liberal dos Estados Unidos. Roosevelt enfrentou a crise como se enfrenta uma guerra, começando pelo controle do sistema financeiro do país, decretou o embargo do ouro e desvalorizou o dólar para favorecer as exportações.

A conjunção de uma crise de superprodução industrial e agrícola com uma crise de crédito pode explicar a gravidade desta grande depressão que, aliás, é agravada por certos erros de políticas econômicas. A falência da política econômica liberal aplicada até então fortaleceu as concepções estatizantes e intervencionistas na economia.

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