O PODER PÚBLICO E A ECONOMIA DE MOSSORÓ

sábado, 31 de janeiro de 2009

Carlos Escóssia

No que se relaciona aos aspectos econômicos em Mossoró, é visível a hegemonia do setor terciário sobre os outros setores da economia, no caso os setores primário e secundário. Com a falência da agroindústria e a mecanização das salinas, Mossoró preocupa-se em reorganizar sua economia e o faz através da implementação do setor terciário que engloba as atividades que estão nas esferas de circulação, distribuição e do consumo, não só de mercadorias, mas também do próprio capital, o que enfatiza a importância do terciário para as cidades que, como Mossoró, constituem-se centros regionais, aglomerando prestações de serviços das cidades circunvizinhas e viabilizando a migração campo-cidade, pela euforia que a oferta de empregos e serviços suscita, trazendo conseqüências negativas para a cidade, tais como: desemprego, prostituição, favelização, marginalização, alem de outros tantos problemas sociais.
Em Mossoró a expansão do terciário foi inicialmente viabilizada com a prestação de serviços básicos – educação e saúde – e o incremento do comércio local. Dessa maneira, Mossoró foi forçada a intensificar os serviços oferecidos à população e, ainda, a multiplicá-los numa tentativa de atender a demanda provocada pelo fluxo migratório que recebeu, decorrente da exploração da petrolífera que a Petrobrás desenvolveu no município, bem como o boom da fruticultura irrigada e da carcinicultura. A cidade teve que criar uma infra-estrutura a passos galopantes, atropelando o processo natural de crescimento que, certamente teria nos setores básicos de prestação de serviços a comunidade.
A cidade de Mossoró, até então interiorana, tomou ares de metrópoles em curto espaço de tempo. Novos elementos passam a constar no repertório do seu cotidiano, que surpreende pelas inovações que no dia-a-dia vão se sucedendo e que traz consigo visíveis transformações para a população local. Uma cidade que hoje se vê ás voltas com situações que não sabe o que fazer, ou que o poder público municipal não tem aptidão ou vontade política para reverter ou enfrentar. Na proporção do aumento do número de migrantes que aqui vem em busca da melhoria da qualidade de vida, crescem as filas de desemprego, os índices de marginalidade e violência, o analfabetismo, a fome, o abandono da infância pelo trabalho forçado ou mendicância, a prostituição infanto-juvenil e desistência escolar e outras tantas injustiças sociais, além de inúmeros problemas socioeconômicos que inviabilizam o pseudo progresso aqui desenvolvido. Se a população do município cresceu quantitativamente, esse crescimento não se reverteu de forma qualitativa no que se relaciona a qualidade de vida e do bem-estar dos mossoroenses.
Além da nossa posição geográfica favorável e do aumento constante do fluxo comercial e da prestação de serviços advindo do setor salineiro, da carcinicultura e da Petrobrás, Mossoró produz, via irrigação, abundante quantidade de frutos, em especial o melão, acerola; manga, caju e castanha, o que lhe permite abastecer a região e exportar alguns desses produtos para o sul do país, e até para outros países. Sem dúvida, a economia local tem apresentado um considerável nível de crescimento (não confundir, com desenvolvimento econômico), em especial no setor terciário, consubstanciado pela Petrobras e empresas por ela contratadas. Isso não, impede, contudo, que a cidade apresente um índice de desemprego galopante, já sendo visível o grande número de famílias que vivem abaixo da linha internacional de pobreza, apesar de ser expressivo o aumento de estabelecimentos comerciais e prestadoras de serviços no município.
Diante do atual quadro, da passividade e falta de compromisso das últimas administrações, no que se relaciona a organização e conseqüente crescimento dos setores primário e secundário se faz necessário e urgente que a atual administração coloque em pauta - sem uso de filigranas e propagandas enganosas – a retomada do crescimento econômico de Mossoró, pois a cristalização desse crescimento dependerá da vontade política da atual gestão, articulando-se com a classe empresarial, entidades de classe, sindicatos e a sociedade civil como um todo. Só com a junção dessas forças, capitaneadas pelo poder público será possível projetar Mossoró, não só na esfera estadual e regional como também em nível nacional, pela sua destacada participação na produção nacional de frutas tropicais, na carcinicultura, na apicultura e na extração de recursos minerais como: petróleo, sal, gesso, e gás natural. A exploração desses recursos demonstra o potencial existente e justifica todo esforço do seu caminhar para o desenvolvimento.
A retomada do crescimento de Mossoró e seu caminho para o desenvolvimento, dependem exclusivamente da vontade política e do entendimento não só da prefeita Fátima Rosado, mas de todos que fazem parte de sua administração, de que “uma sociedade só justifica um estágio de desenvolvimento, quando alcança um nível razoável em três aspectos fundamentais da vida social: um alto nível de qualidade de vida com garantia de acesso aos serviços essenciais; um padrão de democracia com plenas e irrestritas condições de exercício da cidadania, sem discriminações sociais e o conjunto da população decidindo efetivamente os rumos da sociedade”. Esses três elementos interagem entre si e compõem um projeto de desenvolvimento sustentável – o que Mossoró precisa urgentemente – e a população obrigatoriamente tem que cobrar da atual administração que até o momento tem se preocupado exclusivamente com maquiagens mal feitas, muitas festas, destaque na mídia, financiada com o nosso dinheiro, enquanto contribuintes.

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